Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho
Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá, 5.2.12
É moda entre os
evangélicos citar monges como modelo de espiritualidade. Apesar de
permanecerem idólatras, são mostrados como exemplos para nós. Por
exemplo, Philip Yancey, que exibe grande ressentimento contra
tradicionais, é mestre em exaltar monges. Nesta esteira veio o livro O monge e o executivo, de James Hunter, tido como uma “bíblia” de liderança.
Quando vi o livro de Paul Freston, Nem monge nem executivo, gostei
e adquiri. Pelo título e por Freston, que combina espiritualidade e
brilho intelectual. Li de uma assentada. É um livro de meditações nos
evangelhos. Analisando personagens que se relacionaram com Jesus,
começando por Maria, Freston mostra como suas vidas foram radicalmente
modificadas. Ao invés de olhar para homens como modelos de
espiritualidade, ele acena com o modelo de vida de Jesus. Não trata de
liderança, mas como Jesus é um modelo de espiritualidade invertida, uma
espiritualidade serviçal. Freston não combate o livro de Hunter. Nem eu.
Li O monge e o executivo,
aprendi com ele, e vejo valor nele. Mas Jesus é realmente fantástico.
Um homem absolutamente despreocupado consigo mesmo, sem qualquer desejo
de dominar. Na realidade, um antilíder, pois sua preocupação maior era
de ser servo.
Jesus é o maior líder, o maior vulto
da história. Escolheu doze homens sem relevância social, numa região
atrasada, subdesenvolvida, e trabalhou com eles por curtos três anos.
Foi traído por um deles e abandonado pelos demais. Foi morto com
requintes de crueldade, sob intensa zombaria. Não deixou uma linha
escrita. Mas mais livros se escreveram sobre ele que sobre qualquer
outro personagem. Mais músicas se compuseram sobre ele que sobre
qualquer tema. Sua maior viagem não ultrapassou 300 km. Mas marcou o
mundo. Fundou um movimento que chamou de “minha igreja”, e que tem
atravessado os milênios, duramente perseguida. Até mesmo por gente que
diz segui-lo. Há gente na igreja que serve ao inimigo: odeia-a. Muitas
vezes seus seguidores o desonraram e fizeram coisas erradas em seu nome.
E ele continua como o maior homem que já existiu.
Ninguém recuperou mais vidas que
ele. Ninguém reconstruiu mais lares que ele. Ninguém encheu os homens de
esperança e vigor para uma vida correta mais que ele. Gosto de
Beethoven, mas não morreria por ele. Gosto de Machado de Assis, mas não
sofreria por ele. Não apenas eu como milhões de pessoas morreriam por
Jesus, vendo isto como privilégio.
Jesus é o modelo. Um líder que não aprendeu com monges. Era menos executivo e mais office boy: sua
preocupação era fazer a vontade do Pai. Nunca usou as pessoas como
trampolim para seu ego, mas deu a vida por elas. Ninguém chega aos seus
pés.
Sim, nem monge nem executivo. Jesus.
Fonte: http://www.isaltino.com.br/2012/02/nem-monge-nem-executivo/