III João 9,10
“Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado, não nos recebe. Por isso, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja.”
“...procura ter entre eles o primado...” – percebemos claramente no texto que Diótrefes se autopromoveu diante da igreja. Não foi instituído por Deus, mas usurpou o cargo de liderança demonstrando a necessidade que tinha de ser reconhecido, exercer autoridade, satisfazer seu ego, etc.
Vemos hoje em muitas igrejas líderes despreparados que assumiram seus cargos por imposição, amizade, por força, por saber persuadir, por ter uma boa oratória, por saber mexer com os sentimentos dos outros. O resultado em curto prazo parece muito positivo, igrejas cheias, testemunhos em cima de testemunhos, mas o resultado em longo prazo é desastroso, devastador, pessoas marcadas por feridas na alma, avessas ao evangelho, deprimidas, desejosas de estarem em qualquer lugar menos em uma igreja evangélica. Certamente Diótrefes foi um desses líderes e o apóstolo João combateu suas atitudes.
Diótrefes ludibriava os irmãos, utilizava de palavras maliciosas o que deixa bem claro a sutileza que usava para o engano. O erro não se apresenta completamente errado, mas vem misturado com verdades, sutil, dessa forma, tem grandes probabilidades de enganar. Há uma necessidade muito grande entre nós, de estarmos cada vez mais atentos as mensagens que ouvimos, os livros que lemos, as práticas “cristãs” que presenciamos para nós não sermos levados por esses enganos que aparecem a todo instante. Precisamos ser criteriosos, detalhistas, examinadores quando o assunto for de cunho espiritual, buscar as fontes, examinar os contextos, refletir em cima do texto sagrado para que não sejamos enganados e, além disso, propagarmos esse engano.
Outro detalhe é que o apóstolo João combateu Diótrefes veementemente, disse que ia desmascará-lo, revelar suas obras, suas intenções, e o que chama atenção é que João revela o nome desse cidadão. Hoje ao combatermos os “profetas” da prosperidade, os “apóstolos” que vivem de cidade em cidade no seu jatinho particular semeando suas heresias, os “pastores” ditadores e gananciosos, sempre aparece um “irmão” para nos acusar de julgadores, crentes sem ética, caluniadores, dizem que temos que deixar para Deus julgar, etc. Seguindo essa maneira de pensar, o apóstolo João estava então completamente equivocado, estava julgando Diótrefes, estava faltando com a ética porque todos souberam quem era, pois João citou o nome dele e ainda registrou em sua carta, quanta indelicadeza, insensibilidade, radicalismo!
O apóstolo Paulo repreendeu o apóstolo Pedro na cara e na frente de todos os presentes e ainda registrou o acontecimento na sua carta (Gl 2:11). Que falta de sabedoria, que insensibilidade, que radicalismo! Não devia ter feito isso!
A verdade, meus amados irmãos, é que devemos ser firmes com a sã doutrina, não estamos aqui para agradar homens, acobertar erros, ser coniventes com as heresias, ser politicamente correto, estamos aqui, única e exclusivamente, para agradar a Deus. O erro tem que ser combatido, exposto, confrontado, erradicado do nosso meio. Ah! Como faz falta um João Batista que diante do tetrarca disse que ele estava errado, como faz falta um Malaquias que pregou contra os erros dos sacerdotes, um Jeremias que confrontou os falsos profetas, o apóstolo Paulo que corrigiu, até mesmo, um outro apóstolo, um apóstolo João que combateu o herege que estava liderando uma igreja, como faz falta!
Paulo Nassif
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