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"Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade." (2 Tm 2:15)

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

O amor de Deus é incondicional?

Tornou-se moda nos círculos evangélicos falar, quase que sem hesitação, do amor incondicional de Deus. É certamente uma mensagem agradável para as pessoas ouvirem e se ajusta a certo tipo de discurso politicamente correto. Em nosso desejo de comunicar às pessoas a doçura do evangelho, a disposição de Deus de cobrir nossos pecados com o perdão e a incrível profundidade do Seu amor mostrado na cruz, usamos uma expressão hiperbólica para o escopo e extensão do Seu amor.

Onde nas Escrituras encontramos essa noção do amor incondicional de Deus? Se o amor de Deus é absolutamente incondicional, por que falamos às pessoas que elas têm que se arrepender e ter fé para serem salvas? Deus estabelece condições claras para uma pessoa ser salva. É verdade que, em certo sentido, Deus ama mesmo aqueles que não satisfazem as condições de salvação, mas essa sutileza é geralmente perdida pelo ouvinte quando o pregador declara o amor incondicional de Deus. As pessoas ouvem que Deus irá amá-los continuamente e aceitá-los, não importa o que eles façam ou como eles vivam. Declaramos assim um universalismo descarado se falarmos do amor incondicional de Deus sem uma clara e cuidadosa qualificação do que isto significa.

Um contraste interessante pode ser visto ao comparar a pregação dos evangelistas dos séculos XVIII e XIX com os evangelistas modernos. A ênfase nos séculos anteriores estava na ira de Deus direcionada contra pecadores impenitentes. De fato, a pregação de Jonathan Edwards tem sido descrita como uma pregação evangelista que empregava uma “teologia do medo”. Esta abordagem deu lugar uma ênfase mais positiva no amor de Deus. Claro, Edwards também declarava o amor de Deus, mas não sem lembrar aos pecadores que enquanto eles continuassem impenitentes, estariam expostos à ira de Deus e estariam na verdade acumulando ira contra si mesmos para o dia da ira (Romanos 2.5).

Edwards advertia seu povo que eles eram mais repugnantes a Deus em seus pecados do que súditos rebeldes eram aos seus príncipes. Essa era uma parte e uma parcela da proclamação do evangelho da reconciliação. Não pode haver uma conversa sobre reconciliação sem antes estabelecer que há uma alienação ou um afastamento anterior. Indivíduos que não estão em conflito não precisam de reconciliação. O conceito bíblico de reconciliação pressupõe uma condição de afastamento entre Deus e o homem.

Muito é dito sobre a hostilidade do homem contra Deus. A Bíblia diz que somos inimigos de Deus por natureza. Essa inimizade é expressa em nossa rebelião pecaminosa contra Ele. A visão contemporânea popular disso é que nós estamos afastados de Deus, mas Ele não está afastado de nós. A inimizade está em um dos lados apenas. A figura que pintamos é que Deus continua nos amando com um amor incondicional enquanto permanecemos com ódio em relação a Ele.

A cruz desmente essa figura. Sim, a cruz aconteceu porque Deus nos ama. Seu amor está por trás de Seu plano de salvação. Entretanto, Cristo não foi sacrificado na cruz para nos aplacar ou para servir de propiciação para nós. Seu sacrifício não foi planejado para satisfazer nossa inimizade injusta contra Deus, mas para satisfazer a ira justa de Deus contra nós. O Pai foi o objeto do ato de propiciação do Filho. O efeito da cruz foi remover o afastamento divino de nós, não nosso afastamento dele. Se negarmos o afastamento de Deus de nós, a cruz é reduzida a uma patética e anêmica influência moral sem nenhuma satisfação substitutiva de Deus.

Em Cristo, o obstáculo do afastamento é superado, e somos reconciliados com Deus. Mas essa reconciliação se estende apenas àqueles que creem. Aqueles que rejeitam a Cristo permanecem em inimizade com Deus, afastados de Deus, e objetos tanto de Sua ira quanto de Sua aversão. Qualquer que seja o tipo de amor que Deus tem pelo impenitente, ele não exclui Seu justo ódio e aversão deles, que está em forte contraste com Seu amor redentor.

Traduzido por Alex Daher | iPródigo.com | Original aqui

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Cada um é livre para fazer o que quer

 Por Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

Ouvi esta frase, num programa de televisão: “Cada um é livre para fazer o que quer”. Ela me fez pensar.
O homem é dotado de capacidade de pensar e tomar decisões. É responsável por seus atos. Não se pode impor a alguém uma religião ou uma ideologia, por exemplo. Pais escrupulosos não imporão uma profissão a seus filhos. Respeitarão suas habilidades e o seu pendor. Neste sentido, a frase tem certa razão. Cada um faz o que quer de sua vida, sendo por isso responsável. Neste sentido, a liberdade é plena.

Mas nem sempre somos livres para fazermos o que queremos. Eu gostaria de fazer muitas coisas que simplesmente não posso. Neste sentido, não somos livres para fazer o que queremos. Querer não é poder. Podemos querer coisas que não podemos ter.

Há coisas que não apenas não podemos fazer, mas que não devemos fazer. Um homem pode desejar ter todas as mulheres do mundo, mas ficará no desejo. Alguém disse que Deus é mal humorado porque parte dos dez mandamentos começa com um não. Ele nos proibiu coisas boas que gostaríamos de fazer. Por isso diz uma música popular que “tudo que eu gosto é ilegal, imoral ou engorda”. As coisas boas são proibidas. Deveríamos poder fazer e ter todas as coisas que gostaríamos. Abaixo as leis, abaixo os conceitos moralistas, abaixo as religiões com suas regrinhas! Viva a anarquia, vivam os desejos, façamos o que queremos e chega de conversa.

Mas isso funciona? Por querer a mulher de Urias o rei Davi planejou a sua morte. Fez o que quis: adulterou e idealizou um assassinato. Mas pagou um preço muito alto pelo que fez. Pode-se fazer o que se quer ou é necessário ter regras? Liberdade é o direito de fazer o que se quer? O que uma pessoa quer e pensa ser seu direito pode ser a transgressão do direito de outra.

Deus colocou tantos não nos dez mandamentos não por mau humor, mas por saber que somos maus, que somos pecadores. É uma incoerência o conceito humanista de que o homem é bom. Se o homem é bom, por que a maldade e tantas desgraças? Dizer que ele é bom e que a sociedade o corrompe é uma incongruência. A sociedade não é pau nem pedra. É gente. A sociedade é a soma das pessoas, que são más. Davi confessou sua maldade inata, quando declarou: “eu nasci em iniquidade” (Sl 51.5). Isso é o que os teólogos chamam de “depravação, a capacidade inata no ser humano de buscar o mal”. O homem não é bom. É pecador. Bem disse Billy Graham, “o homem é exatamente aquilo que a Bíblia diz que ele é”.

Por ser pecador, o homem não pode fazer o que deseja, pensando que assim é livre. Disse Paulo: “o bem que quero, esse não faço; o mal que não quero, esse eu faço” (Rm 7.19). Quando seguimos nossos instintos e paixões, não nos realizamos, mas nos frustramos. Ouvimos a iniquidade, desprezando leis e princípios que orientam a vida, e nos tornamos como os irracionais, que não têm capacidade mental e seguem o instinto. E nos damos mal.

Fazer o que se quer não é ser livre. É ser escravo. Dos instintos. De uma natureza corrompida. Por isso Jesus disse que “todo aquele que comete pecado é escravo do pecado” (Jo 8.34). Não somos livres quando fazemos o que queremos, e regras e princípios não são algemas. Imaginemos um trem que quisesse trafegar fora dos trilhos para poder ser livre. Saísse dos trilhos e entrasse pelo gramado, cheio de flores, alegre e festivo. Ele afundaria, com seu peso. Há um lugar para ele transitar e fora deste lugar ele se imobiliza.

Liberdade não é o direito de se fazer o que se quer. O pensador cristão Elton Trueblood disse que “liberdade não é liberdade para, mas liberdade de”. Somos livres não para fazermos o que queremos, mas somos livres de alguma coisa. Somos livres para sermos o que Deus espera de nós. Como disse Kierkegaard: “Com a graça de Deus serei o que devo ser”. Jesus ilustrou isto muito bem: “se o Filho vos libertar, sereis verdadeiramente livres” (Jo 8.36). Liberdade é a capacidade de poder gerir a sua vida. É a capacidade de viver sem ser escravo de vícios, de paixões vis, de drogas, da ansiedade, do medo do futuro. Desde quando uma pessoa escrava de um pedaço de papel com mato dentro, um cigarro, é livre? Desde quando alguém que não consegue livrar-se de uma garrafa é livre? Livre é a pessoa que pode dizer: “Isto me faz bem e eu aceito. Tenho forças para fazê-lo, mesmo não gostando”. Livre é a pessoa que pode dizer: “Isto é agradável, mas trará más consequências. É bom, mas tenho a capacidade de rejeitar”. Liberdade é o direito de saber usar bem a vida, de discernir entre o que se deve e o que não se deve.

Voltemos a Jesus: “se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”. Ele dá discernimento espiritual e moral para sabermos o que buscar e o que evitar. Ele dá poder para vencer o que é agradável, mas daninho. Ele torna a pessoa livre. Muita gente censura os crentes, dizendo sermos escravos, que não podemos fazer muitas coisas. Não é que não podemos. É que não queremos. Não nos têm valor. Volto à questão do cigarro: é ridículo um adulto chupando sofregamente um mau cheiroso invólucro de papel com mato dentro, sem poder parar de fazê-lo, embora muitas vezes querido fazê-lo. Coisa triste um bêbedo, caído na sarjeta, escravo do álcool. Coisa deprimente e triste um casal se separando, com os filhos prejudicados, por causa da infidelidade conjugal de uma das partes.

Os crentes não vivemos debaixo de regrinhas. Vivemos na liberdade que Cristo nos deu. Ele nos abriu os olhos e capacitou nossa vida para vencermos o mal que desgraça e optarmos pelo bem que exalta.

Você pode ser livre. Pode deixar de fazer o que lhe prejudica e fazer o bem que sabe que deve fazer. Basta confiar em Cristo, fazendo dele seu Senhor, cedendo-lhe sua vida, confiando-lhe a direção do seu viver. Você descobrirá o que Jesus quis dizer com “e conhecereis a verdade e verdade vos libertará”. Jesus é a verdade que liberta. O resto é mentira. Seja livre. Assuma um compromisso com Cristo.
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Fonte: Site do autor, via Púlpito Cristão
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