Desde minha
consagração ao ministério pastoral até hoje houve mudanças
significativas no cenário evangélico. Algumas boas, outras nem tanto.
Uma das mudanças mais expressivas foi o conceito do que seja um pastor.
Antes era um homem que estudava e ensinava a Bíblia ao povo e lhe dava
assistência espiritual. Hoje, algumas igrejas querem animadores de
auditório. Se o pastor não é, arranjam um para dirigir o culto para ele.
O negócio é agito e não reflexão. As pessoas não vão à igreja para
conhecer mais sobre Deus. Vão para externar emoções. A comunicação hoje
não é mais cognitiva (ideias), mas gestual (com o corpo). Não se
reflete. Sacode-se.
Nesta
mudança, os pastores devem sempre elogiar. Seu ensino deve ser sempre
positivo. Não devem falar de pecado e de erro. A pregação é para as
pessoas se sentirem bem. Eles devem fidelizar os clientes, não
admoestá-los. No livro Contextualizando a igreja de Cristo,
Luiz Sayão diz: “A tendência atual é aceitar o evangelho de modo
superficial, como mais uma ajuda espiritual. Nunca houve tantas
‘conversões’ evangélicas; mas nunca foram tão superficiais. Hoje, mais
do que nunca é preciso deixar claro que ‘ser cristão’ significa mudança
de vida definida” (p. 61).
A
igreja deixou de ser casa de Deus e se tornou casa dos homens. Não se
busca a voz de Deus, mas um eco da voz humana confirmando que as pessoas
estão certas e são boas, dando-lhes apoio para viver. Nada de
transcendente, de moral, de padrões e princípios. Só conforto,
bem-estar, e apoio para ajudar na vida. Uma psicoterapia de segunda
categoria.
Em Admirável mundo novo, Huxley apresentou uma droga chamada soma, que tirava a dureza da vida. Tipo Prozac. Há muito soma e Prozac nas igrejas. O evangelho é para levantar o ânimo, não para moldar a vida.
O
evangelho chama a reordenar a vida. “No passado Deus não levou em conta
essa ignorância, mas agora ordena que todos, em todo lugar, se
arrependam. Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com
justiça, por meio do homem que designou. E deu provas disso a todos,
ressuscitando-o dentre os mortos” (At 17.3-31). Ele traz conforto e
segurança. Mas pede arrependimento e mudança de vida. E a igreja não é
um lugar para ter o ego massageado ou o estilo de vida confirmado. É a
comunhão dos salvos por Jesus, que se comprometeram com ele e querem
viver seus padrões. Não é comida por quilo, onde se pega o que se gosta.
Ela se compõe de cristãos postos num corpo para transformar o mundo.
Culto não é programa de auditório. É anúncio do evangelho. E este não é
“Façam o que querem que Deus não está nem aí”. E a igreja é a companhia
dos salvos engajados com Cristo, não um grupo em busca de
entretenimento. Por vezes sobra festa e falta contrição.
Há duas necessidades por reafirmar conversão e santificação. Sem elas, a vida cristã é enganosa.
Fonte: http://www.isaltino.com.br/2013/06/mudanca-de-conceitos/
Pr. Isaltino Gomes
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